O presidente da Câmara Municipal de Loures, Bernardino Soares, participou, a 27 de maio, na Conferência Economia Loures 2020, uma parceria entre a rádio TSF e o Município.

Em discussão esteve a inovação e o investimento na recuperação pós-pandemia.
Na ocasião, Bernardino Soares defendeu que o poder local não poderá atuar isoladamente e implementar medidas de apoio sem atuação direta do Governo e que é preciso instituir meios e apoios de dinamização à economia, com rapidez e eficiência.
O presidente da Câmara destacou que o Município de Loures está a atuar em várias frentes, no sentido de minimizar a pandemia e todos os problemas de ordem social que estão a surgir no concelho de Loures. O Autarca revelou também que o Município está a acelerar o pagamento aos fornecedores, para minimizar os graves problemas financeiros e que aprovou a revisão do regulamento das taxas municipais.
Bernardino Soares lembrou que a Câmara Municipal está a cumprir com a atividade e os investimentos programados, em termos de obras e outros projetos de carácter social, cultural e económico.
Em relação a ajudas externas ao Município, o presidente da Câmara afirmou que há medidas de proteção sanitárias que têm que ser tomadas urgentemente e que não há instrumentos locais de apoio à pandemia.
O Autarca observou que as linhas de crédito que existem, por parte do Governo, não cobrem as necessidades locais, nem nacionais, e que existe uma grande burocracia para a aquisição de financiamentos que tem de ser ultrapassada.
Para o presidente da Câmara de Loures, a situação de pandemia levou à reconversão de muitas empresas, em que o fator da inovação e a introdução de novas tecnologias são agora fundamentais.
Na sua maioria, acrescentou, grandes e pequenos empresários remetem-se à reprogramação das suas atividades e dos seus negócios, no sentido de ultrapassarem os graves problemas existentes nos seus sectores de atividade.
A conferência decorreu via streaming e contou também com a participação Elisa Ferreira, Comissária Europeia para a Coesão e Reformas, Jorge Pisco, presidente da Confederação Portuguesa de Micro, Pequenas e Médias Empresas, Rodolfo Cardoso, vogal da direção da Associação Empresarial de Comércio e Serviços de Loures e Odivelas, Guy Villax, administrador delegado da Hovione,  Manuel Tarré, CEO da Gelpeixe, Rui Paulo Figueiredo, presidente do MARL e presidente da SIMAB, Eduardo Ascenso Pires, CEO da Ceramed, Ricardo Paes Mamede, professor auxiliar e subdiretor do Departamento de Economia Política do ISCTE-IUL e presidente da direção do IPPS-IUL, e de Pedro Siza Vieira, ministro de Estado, da Economia e da Transição Digital.
Elisa Ferreira, Comissária Europeia, assumiu que estamos numa crise mundial sem precedentes, para a qual nenhum país estava preparado, e que a União Europeia definiu um conjunto de regras e apoios com rapidez e celeridade, sendo as Políticas de Coesão as primeiras a serem discutidas, nomeadamente o Pacto de Medidas de Combate à crise instalada.
Afirmou, igualmente, que o Fundo do Banco Europeu de Investimento irá garantir 200 mil milhões de euros para as PME, no sentido de apoiar a atividade e os setores em crise.
Jorge Pisco, presidente da Confederação Portuguesa de Micro, Pequenas e Médias Empresas, defendeu a posição da CPPME relativamente às medidas enunciadas pelo Governo, considerando-as limitativas e pouco proactivas, salientando que as linhas de crédito ao lay-off simplificado não facilitam as respostas aos trabalhadores.
Rodolfo Cardoso, vogal da Direção da Associação Empresarial de Comércio e Serviços de Loures e Odivelas, referiu que, relativamente ao concelho de Loures, o comércio não está com capacidade de reabertura por questões de ordem financeira e de recursos humanos, e que existem problemas de endividamento relativamente ao processo de lay-off, sendo que as empresas não recebem dos clientes, têm rendas, impostos e salários em atraso.
Guy Villax, administrador delegado da Hovione, assumiu que as empresas têm um papel na comunidade, na sociedade e na cadeia de valor, onde se inserem, e têm que reagir a um mercado competitivo e global. O mérito alcançado nesta crise é da equipa Hovione, que não reduziu a eficiência da sua atividade e resiliência, e nada esperou do Estado, trabalhando num setor que não é cíclico, e tem naturalmente que funcionar de forma estável e precisa.
Manuel Tarré, CEO da Gelpeixe, evidenciou que todas as empresas sentiram o impacto da pandemia e das consequências futuras que daí advêm. A Gelpeixe alcançou neste período um excelente pico de vendas, concretamente de produtos menos onerosos, tendo estabilizado as mesmas no mês passado. Não recorreu a apoios governamentais e é solidária com as empresas que recorreram aos financiamentos que se esgotaram rapidamente para as PME.
Rui Paulo Figueiredo, presidente do MARL e presidente da SIMAB, salientou que o MARL é o ponto de encontro de 900 empresas de realidades diferentes: pequenos produtores, grossistas, que importam e exportam pescado, flores, horto-fruticultores, entre outros. Tem um papel importante na cadeia de abastecimento e trabalha com toda a cadeia de valor: retalho, fornecedores, grandes plataformas logísticas, supermercados e comércio em geral. Referiu ainda que a pandemia não teve efeitos iguais em todos os setores pois, na sua maioria, as empresas reinventaram-se e arranjaram novas formas de comércio (entregas ao domicílio, correio eletrónico, vendas on-line e plataformas de comércio, entre outras).
Eduardo Ascenso Pires, CEO da Ceramed, salientou os 15 anos do grupo Ceramed e, recentemente, a Bioceramed, com realidades distintas, sendo que a Ceramed exporta fundamentalmente para a Ásia e América Latina, tendo controlado a sua atividade nos três primeiros meses da pandemia. Tem efetuado um grande investimento no grupo, considerado robusto, mas sempre com necessidades de competir com o mercado global existente. Valorizou, no âmbito do combate à pandemia, a reconversão das empresas, novos canais de distribuição e a diversificação de novas estratégias empresariais.
Para Ricardo Paes Mamede, professor auxiliar e subdiretor do Departamento de Economia Política do ISCTE-IUL,
a clareza e o empenho dos serviços públicos relativamente à crise atual e em cooperação com a sociedade civil e as empresas trará, inevitavelmente, o combate a situações mais precárias e à regulação do mercado de trabalho. O Estado atuará no âmbito das suas competências e tem que ter um papel ativo para suportar as condições de vida das populações, valorizando a proteção e o apoio dos serviços públicos em geral e o apoio específico da segurança social e do serviço nacional de saúde, demonstrando a capacidade de resposta e atuação, sublinhou.
Já Pedro Siza Vieira, ministro de Estado, da Economia e da Transição Digital, destacou que a quebra da atividade económica foi muito abrupta, não somente em Portugal, mas em toda a Europa e no mundo, e que existe um movimento de contração violento e difícil a combater, para as pessoas em geral, e empresas em particular, estando a atividade económica a passar por tempos difíceis. O governante adiantou que o plano de estabilização económica e social que o Governo está a preparar tem a valência da construção do diálogo com todos os parceiros sociais, no sentido de dar uma resposta coesa e imediata. Em relação ao futuro, lembrou que será relevante e vigoroso investir na economia e assegurar as condições de investimento e consumo, reposicionando a economia portuguesa num patamar mais elevado, apostando na inovação, no conhecimento, na qualificação dos recursos humanos e no talento, assim como promover o investimento em Portugal.